Finalmente, depois de duas semanas de um escaldante Julho, os ventos mudaram, e já nem o sol parece o mesmo.
Assim, foi possível realizar a prevista jornada de 25 de Julho, desta vez quase inteiramente dedicada ao eucalipto! Quer dizer, dedicada à remoção de eucalipto. Tratava-se de uma das últimas áreas a ser intervencionada, já longe do Cabeço Santo e bem perto de Belazaima, aliás uma das mais visíveis de Belazaima: o Cabeço da Lavandeira.
É esta uma área de forte pendente (exceptuando as cotas mais elevadas do cabeço, onde a Quinta das Tílias plantou medronhal) que parcialmente continha as antigas testadas das terras agrícolas que se situam ao longo do ribeiro. Estas testadas tinham uma função de protecção destas terras e por isso não foram originalmente plantadas com eucaliptos, tendo desenvolvido uma interessante cobertura de vegetação autóctone, frequentemente com árvores de porte significativo. No entanto, os sucessivos incêndios degradaram-nas, promovendo a germinação de sementes de eucalipto provenientes das áreas vizinhas e a degradação da vegetação autóctone, de tal maneira que, nos anos deste século, as testadas da Lavandeira e do Pedaço (a jusante) já estavam totalmente dominadas pela presença de eucaliptos, que frequentemente as ocuparam de forma densa e desordenada.
O objectivo de mais longo prazo da intervenção nesta área é a recuperação das antigas testadas da Lavandeira e de, pelo menos, parte do Pedaço, mas, para já, ficamo-nos pela Lavandeira. Aqui foi possível ir para além das antigas testadas, subindo mais na encosta para incluir antigo eucaliptal plantado. Neste, recorreu-se ao herbicida para desvitalizar as toiças (em 2019), o que foi parcialmente conseguido, mas nas antigas testadas, dada a presença mais abundante de plantas autóctones, isso não foi feito, sendo a rebentação de eucalipto mais densa.
Eis, pois, o objectivo deste dia: remover a rebentação de eucalipto com machados. Mas não apenas isso: na época anterior já se tinha realizado aqui uma sementeira de bolota, pelo que se estava de olho nas plantas emergentes. E com efeito foram encontradas, não em grande densidade, mas estavam lá, na primeira frente de recuperação desta área. Também se usou moto-podadora para cortar alguns eucaliptos de pequeno porte que o último corte do eucaliptal deixou para trás.
O que não facilitou o trabalho dos voluntários foi o declive do terreno, tanto mais elevado quanto mais se descia em direcção às terras agrícolas. Também a presença de ramadas de eucalipto ainda remanescentes dos cortes não ajudou. Mas a manhã decorreu com dinâmica, ajudada pela frescura do tempo. Constatou-se até que alguns eucaliptos germinados após o incêndio de 2005, que também afectou a área, ainda se conseguiam arrancar, fruto do enraizamento superficial e da concorrência pelo espaço.
Mas, claro, estamos em pleno Julho, pelo que, depois do almoço, na base de operações da Quinta das Tílias, se fez um relaxamento um pouco mais alongado. Com a temperatura do ar quase a tocar nos 30ºC, mas a descer rapidamente, pouco depois das 15 horas a equipa já se encontrava no terreno outra vez. E os trabalhos prosseguiram até depois das 18:30h. Não se conseguiu acabar, mas também não ficou a faltar muito, apenas uma pequena área de antigo eucaliptal plantado, onde a desvitalização química ainda deixou significativa rebentação. Tinha sido um dia muito produtivo!
Obrigado a todos os voluntários e ao Paulo Vinagre pelas suas fotos!
Desde já se começou a planear o futuro próximo: em Agosto costumam realizar-se “férias voluntárias”, mas este ano, dado ter-se cancelado uma jornada em Julho, já para não falar nas “da pandemia”, propõe-se realizar uma jornada extraordinária no dia 8 de Agosto para cuidar das árvores e arbustos plantados este ano, cuidado que consistirá sobretudo na rega.
Há voluntários disponíveis para Agosto? É o desafio.
Até breve.
Paulo Domingues