quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Florestas fossilizadas com 300 milhões de anos testemunharam aquecimento global


Nicolau Ferreira

As florestas fossilizadas que se encontram nas minas de carvão na região do Illinois, Indiana e Kentucky, nos Estados Unidos (EUA), podem ser um testemunho de como as florestas reagem ao aquecimento global.

Há cerca de 300 milhões de anos, em pleno Carbonífero, a placa continental norte-americana estava na região do equador e as primeiras florestas tropicais de fetos arbóreos com troncos que chegavam aos 30 metros existiam ali. Passado tanto tempo, os troncos continuam no mesmo sítio, mas agora estão fossilizados.

“Estas são as maiores florestas fossilizadas encontradas em qualquer local do mundo, de qualquer tempo geológico”, disse o cientista inglês Howard Falcon-Lang citado pela BBC News.

O paleontólogo trabalha na Universidade de Bristol e faz parte de uma equipa de investigadores ingleses e norte-americanos que tem estado a estudar esta paisagem natural escondida debaixo da terra e que se prolonga por corredores e corredores das antigas minas.

Já se sabia da existência das florestas desde 2005. Mas ao final dos três anos os cientistas encontraram várias camadas de florestas fossilizadas que estão sobrepostas. O fenómeno pode ser explicado por ciclos de inundações que enterraram as florestas numa sequência vertical.

“É estranho olhar para uma floresta de baixo para cima. Pode-se ver árvores apontadas para acima das nossas cabeças com as raízes a virem para baixo. Encontrámos troncos com 30 metros de comprimento que caíram com as copas perfeitamente preservadas”, disse o cientista.

Alteração súbita

As camadas de florestas estão separadas temporalmente por poucos milhões de anos. Uma das conclusões mais interessantes é que algumas das camadas são imediatamente anteriores a um período de aquecimento da Terra e outras são imediatamente posteriores. A floresta sofreu uma mudança abrupta nesta passagem.

“A descoberta mais fascinante é que as florestas húmidas colapsaram de uma forma dramática numa altura aproximadamente coincidente com o aquecimento devido ao efeito de estufa. Florestas duradouras dominadas por fetos arbóreos gigantes são repostas quase do dia para a noite [em termos geológicos] por vegetação de fetos pequenos”, explica Falcon-Lang.

A equipa deu uma das palestras ontem no Festival de Ciência da Associação Britânica que decorre em Liverpool. Segundo o paleontólogo nos próximos cinco anos a equipa quer perceber o que causou o colapso.

“Podemos olhar para estas florestas e ver como responderam ao aquecimento global”, disse o investigador à BBC News. Os cientistas vão tentar elaborar um registo detalhado de como as florestas morreram, se foi ao longo de décadas, séculos ou milénios. E se durante aquele período de tempo houve alterações na composição da atmosfera que pudessem provocar as alterações do clima.

Não vai faltar informação. A extensão das florestas é significativa, uma delas tem 10.000 hectares. “É realmente uma experiência excitante descer e percorrer estas minas; é escuro como o breu”, disse o investigador.Ecosfera


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