Ao longo dos últimos anos, a Quercus tem vindo a alertar para
os problemas da propagação do Nemátodo da Madeira do
Pinheiro, doença que provoca a murchidão e a morte dos
pinheiros-bravos. No entanto, e apesar dos programas de controlo,
a doença está a progredir rapidamente em grande parte do
pinhal interior na zona centro do País.
A
Quercus considera que devem ser evitadas novas plantações de
espécies exóticas de rápido crescimento que vão aumentar as
monoculturas existentes, sugerindo antes promover a
regeneração natural das espécies autóctones bem adaptadas aos
nossos solos e clima, como o carvalho-alvarinho, o sobreiro, a
cerejeira-brava e o freixo, de forma a diversificar a
nossa floresta.
Lisboa, 5 de Dezembro de 2011
A Direcção Nacional da
Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
Para mais informações contactar:
Actualmente
existe um Programa de Acção Nacional para o Controlo do
Nemátodo da Madeira do Pinheiro (NMP), que estabelece
medidas extraordinárias de protecção fitossanitária
indispensáveis para o combate ao Nemátodo da Madeira do
Pinheiro. Em Novembro de 2010 foi assinado um Protocolo para
Controlo do Nemátodo da Madeira do Pinheiro, entre a
Autoridade Florestal Nacional, o Instituto de
Financiamento da Agricultura e Pescas/Fundo Florestal
Permanente, e cinco Federações de Produtores Florestais. Este
protocolo apresenta como objectivos
principais a prospecção e identificação de exemplares de
árvores resinosas com sintomas de declínio, para abate,
eliminação de sobrantes e monitorização do insecto
vector.
O
referido protocolo envolveu cerca de 60 associações de
produtores florestais para efectuarem o controlo da
propagação da doença do Nemátodo da Madeira do
Pinheiro, no entanto a sua execução fica aquém do esperado
face às dificuldades operacionais de algumas associações e ao
incumprimento dos pagamentos por parte do Estado.
Falta de combate ao Nemátodo provoca mortalidade elevada do pinhal-bravo
A
doença do Nemátodo apresenta condições para a sua
disseminação, não só devido a um combate deficiente em grande
parte da área, mas também devido às questões
específicas da região centro: grande mancha de pinhal-bravo,
espécie predominante em grande parte dos concelhos, dispersão
da propriedade minifundiária, ausência dos
proprietários da região e absentismo ou falta de
gestão adequada, reunindo-se assim todas as condições para a
rápida progressão desta doença.
O
problema está a atingir proporções muito elevadas sobre a
mortalidade do pinhal-bravo, colocando em causa tanto
vastas áreas de pinhal-bravo, como
a própria fileira do pinho em Portugal, a qual
também é relevante em termos económicos e sociais. A região
centro do País apresenta actualmente a zona mais problemática,
revelando maior incidência no distrito de Coimbra e
uma dimensão já muito preocupante nos distritos de Viseu,
Aveiro e Leiria.
Situação crítica em alguns concelhos da zona Centro do País
- No que se refere ao distrito de Coimbra, verifica-se que a doença está em grande expansão nos concelhos de Arganil, Tábua, Oliveira do Hospital, Góis, Lousã, Vila Nova de Poiares, Pampilhosa da Serra e Soure, mesmo existindo alguma intervenção. No entanto, nos concelhos de Penacova, Coimbra, Penela, Miranda do Corvo, Condeixa, Figueira da Foz e Montemor-o-velho não existe intervenção de combate ao Nemátodo, o que é uma situação inaceitável.
- No distrito de Viseu, a doença também está a progredir em Mortágua, Santa Comba Dão, Carregal do Sal, Tondela, mesmo com algumas acções de controlo, no entanto, nos concelhos de Nelas, Mangualde e Viseu, não existe qualquer intervenção.
- No distrito de Aveiro, a doença está a propagar-se pelos concelhos da Mealhada e Anadia onde também não existe intervenção.
- No distrito de Leiria, o Nemátodo está afectar o pinhal nos concelhos da Nazaré, Marinha Grande, Leiria, Pombal, Ansião, Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Alvaiázere.
Em
resumo, os concelhos onde existe mais pinhal-bravo afectado e
a situação é mais grave, são Arganil, Tábua,
Penacova, Poiares, Lousã, Coimbra, Condeixa, Penela,
Santa Comba Dão, Carregal do Sal, Mealhada e Mortágua.
De
salientar ainda que a doença está a alastrar rapidamente para
o centro e norte do País, onde há muito pinhal
adulto, desde a Mata Nacional do Valado de Frades na
Nazaré, Leiria, Pombal e Figueira da Foz em matas e
perímetros florestais. A situação é ainda catastrófica no
Perímetro Florestal do Buçaco onde existem milhares
de árvores secas que continuam no local a apodrecer, situação
incompreensível porque ocorre em dezenas de hectares geridos
pelo Estado.
Quercus exige medidas rigorosas para controlo do Nemátodo
A
Quercus exige que os serviços do Ministério da Agricultura,
do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território
tomem medidas rigorosas para o controlo do Nemátodo
em todas as áreas onde já foi detectado o Nemátodo, promovendo
o corte fitossanitário de árvores afectadas, com queima ou
destroçamento de sobrantes, para tentar evitar a
propagação da doença.
Devido
à falta de actuação com medidas de combate eficazes, existem
proprietários a converter o pinhal para eucaliptal, a
maioria sem qualquer autorização legal. O problema
torna-se mais grave devido à falta de
qualificação de grande parte dos prestadores de serviços, os
quais efectuam mobilizações de terras que destroem o relevo
natural, aumentando a erosão dos solos sobre as
linhas de água.
Lisboa, 5 de Dezembro de 2011
A Direcção Nacional da
Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
Domingos Patacho - 937 515 218 - Coordenador para área das Florestas na Quercus
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