terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Comunicado: Nemátodo da Madeira do Pinheiro continua a avançar de forma descontrolada‏

Situação crítica na zona Centro do País Nemátodo da Madeira do Pinheiro continua a avançar de forma descontrolada



Ao longo dos últimos anos, a Quercus tem vindo a alertar para os problemas da propagação do Nemátodo da Madeira do Pinheiro, doença que provoca a murchidão e a morte dos pinheiros-bravos. No entanto, e apesar dos programas de controlo, a doença está a progredir rapidamente em grande parte do pinhal interior na zona centro do País.
Actualmente existe um Programa de Acção Nacional para o Controlo do Nemátodo da Madeira do Pinheiro (NMP), que estabelece medidas extraordinárias de protecção fitossanitária indispensáveis para o combate ao Nemátodo da Madeira do Pinheiro. Em Novembro de 2010 foi assinado um Protocolo para Controlo do Nemátodo da Madeira do Pinheiro, entre a Autoridade Florestal Nacional, o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas/Fundo Florestal Permanente, e cinco Federações de Produtores Florestais. Este protocolo apresenta como objectivos principais a prospecção e identificação de exemplares de árvores resinosas com sintomas de declínio, para abate, eliminação de sobrantes e monitorização do insecto vector.
O referido protocolo envolveu cerca de 60 associações de produtores florestais para efectuarem o controlo da propagação da doença do Nemátodo da Madeira do Pinheiro, no entanto a sua execução fica aquém do esperado face às dificuldades operacionais de algumas associações e ao incumprimento dos pagamentos por parte do Estado.
Falta de combate ao Nemátodo provoca mortalidade elevada do pinhal-bravo
A doença do Nemátodo apresenta condições para a sua disseminação, não só devido a um combate deficiente em grande parte da área, mas também devido às questões específicas da região centro: grande mancha de pinhal-bravo, espécie predominante em grande parte dos concelhos, dispersão da propriedade minifundiária, ausência dos proprietários da região e absentismo ou falta de gestão adequada, reunindo-se assim todas as condições para a rápida progressão desta doença.
O problema está a atingir proporções muito elevadas sobre a mortalidade do pinhal-bravo, colocando em causa tanto vastas áreas de pinhal-bravo, como a própria fileira do pinho em Portugal, a qual também é relevante em termos económicos e sociais. A região centro do País apresenta actualmente a zona mais problemática, revelando maior incidência no distrito de Coimbra e uma dimensão já muito preocupante nos distritos de Viseu, Aveiro e Leiria.
Situação crítica em alguns concelhos da zona Centro do País
  • No que se refere ao distrito de Coimbra, verifica-se que a doença está em grande expansão nos concelhos de Arganil, Tábua, Oliveira do Hospital, Góis, Lousã, Vila Nova de Poiares, Pampilhosa da Serra e Soure, mesmo existindo alguma intervenção. No entanto, nos concelhos de Penacova, Coimbra, Penela, Miranda do Corvo, Condeixa, Figueira da Foz e Montemor-o-velho não existe intervenção de combate ao Nemátodo, o que é uma situação inaceitável.
  • No distrito de Viseu, a doença também está a progredir em Mortágua, Santa Comba Dão, Carregal do Sal, Tondela, mesmo com algumas acções de controlo, no entanto, nos concelhos de Nelas, Mangualde e Viseu, não existe qualquer intervenção.
  • No distrito de Aveiro, a doença está a propagar-se pelos concelhos da Mealhada e Anadia onde também não existe intervenção.
  • No distrito de Leiria, o Nemátodo está afectar o pinhal nos concelhos da Nazaré, Marinha Grande, Leiria, Pombal, Ansião, Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Alvaiázere.
Em resumo, os concelhos onde existe mais pinhal-bravo afectado e a situação é mais grave, são Arganil, Tábua, Penacova, Poiares, Lousã, Coimbra, Condeixa, Penela, Santa Comba Dão, Carregal do Sal, Mealhada e Mortágua.
De salientar ainda que a doença está a alastrar rapidamente para o centro e norte do País, onde há muito pinhal adulto, desde a Mata Nacional do Valado de Frades na Nazaré, Leiria, Pombal e Figueira da Foz em matas e perímetros florestais. A situação é ainda catastrófica no Perímetro Florestal do Buçaco onde existem milhares de árvores secas que continuam no local a apodrecer, situação incompreensível porque ocorre em dezenas de hectares geridos pelo Estado.
Quercus exige medidas rigorosas para controlo do Nemátodo
A Quercus exige que os serviços do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território tomem medidas rigorosas para o controlo do Nemátodo em todas as áreas onde já foi detectado o Nemátodo, promovendo o corte fitossanitário de árvores afectadas, com queima ou destroçamento de sobrantes, para tentar evitar a propagação da doença.
Devido à falta de actuação com medidas de combate eficazes, existem proprietários a converter o pinhal para eucaliptal, a maioria sem qualquer autorização legal. O problema torna-se mais grave devido à falta de qualificação de grande parte dos prestadores de serviços, os quais efectuam mobilizações de terras que destroem o relevo natural, aumentando a erosão dos solos sobre as linhas de água.
A Quercus considera que devem ser evitadas novas plantações de espécies exóticas de rápido crescimento que vão aumentar as monoculturas existentes, sugerindo antes promover a regeneração natural das espécies autóctones bem adaptadas aos nossos solos e clima, como o carvalho-alvarinho, o sobreiro, a cerejeira-brava e o freixo, de forma a diversificar a nossa floresta.

Lisboa, 5 de Dezembro de 2011

A Direcção Nacional da
Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza


Para mais informações contactar:
Domingos Patacho - 937 515 218 - Coordenador para área das Florestas na Quercus

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