quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Cogumelos silvestres com várias espécies em risco



Apesar das intoxicações, a apanha de cogumelos não pára

Cogumelos silvestres

com várias espécies em risco

M íscaros, roques, sanchas, orelhas de gato, pantorra e bolotos, para além
dos famosos e mais raros "ovos de rei" - que chegam a ser pagos ao apanhador
a mais de 50 euros por quilos -, são espécies de cogumelos silvestres que
correm o risco de escassear no futuro ou mesmo desaparecer, graças à
colheita exagerada nos últimos anos.

O investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Artur
Cristóvão, alerta para o facto de "não existir qualquer controlo sobre o
processo". Para aquele responsável, "é necessário encontrar formas de
valorizar o produto, que é recolhido em quantidades exageradas por pessoas
que vêm de fora, enquanto os proprietários dos terrenos onde os cogumelos
crescem não retiram daí qualquer rendimento". Artur Cristóvão defende mesmo
a existência de "uma fiscalização através dos parques naturais ou dos
Serviços Florestais, que seja simultaneamente pedagógica e punitiva quando
for detectado o abuso".

O presidente da Associação Micológica "A Pantorra", criada em Mogadouro há
sete anos, Francisco Xavier Martins, lembra que "em Trás-os-Montes os
míscaros e outros cogumelos eram considerados o pão da terra, comida dos
pobres, e que, apesar das intoxicações, continuaram a ser consumidos". O
responsável associa o desenvolvimento da produção " à florestação da década
de 70 do século passado, com a qual espécies como a cerejeira, o carvalho
americano, o freixo, o castanheiro, o sobreiro, o pinheiro, a pseudotsuga, o
cupressos e a nogueira se espalharam pelo território transmontano, algumas
das quais importantes para a formação de cogumelos".

Actualmente a colheita incide num número restrito de espécies, de forma
muito intensiva. Segundo Guilhermina Marques, da UTAD, "a produtividade é
muito variável e depende muito das condições climáticas. Por exemplo, há
dois anos foi um ano excelente para a Amanita Ceasarea, que é a espécie de
maior valor económico em Trás-os-Montes. As pessoas têm sentido a
diminuição, principalmente porque há mais gente a apanhá-los logo que
aparecem, sem os deixar desenvolver. Não há regras ", concluiu.
JN

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