terça-feira, 5 de agosto de 2008

A Estação Ecológica do Eucalipto

In Público nº 6697, 1 de Agosto de 2008:, pág. 39
A Estação Ecológica do Eucalipto Por Luís Toulson Engenheiro florestal consultor sénior
O Engº florestal Ernesto Goes (n. 1917) foi o pioneiro em Portugal dacultura da Eucalyptus globulus, trabalhando na então Direcção Geral dosServiços Florestais e Aquícolas onde tive a honra de o ter como chefe e comquem aprendi algo válido de silvicultura – e na Socel, empresa existente noseu tempo, de pasta de celulose e papel exclusivamente à base de fibra curtabranqueada desta essência. Foram então cultivadas extensas áreas, sobretudo no Alentejo. Mas a glóriaflorestal do engenheiro Ernesto Goes não estará talvez na introdução daplantação comercial acima indicada. A máxima glória deste gentleman magnífico está em que, em Junho de 1975, foio florestal que compareceu num simpósio que houve na Estação AgronómicaNacional, tendo definido, de uma vez por todas, onde residia a “EstaçãoEcológica” apropriada à Eucalyptus globulus em Portugal: uma faixa litoralocidental que se estende com cerca de 500 km, a partir das Serras Algarviasocidentais (750 mm de precipitação e 12 esteres/ha/ano) atá aos contrafortesgalaico-durienses (3000 mm de precipitação e 25 esteres/ha/ano). Partindo doprincípio de que seria exequível a florestação de algo como 50% desta área,poderiam obter-se 27,25 Mesters/ano como produção média anual. Assumindo a taxa de conversão de 4 esteres = 1 tonelada de pasta branqueadaseca ao ar, isto permitiria produzir cerca de 6,6 Mton de pasta branqueadaseca ao ar. É nesta faixa litoral ocidental que é máxima a influência mornaAtlântica e é menor, por conseguinte, o número de dias de geada - a espécieé muito sensível ao efeito pernicioso da geada. Quem não viu no interior dePortugal um eucalipto adulto da cor do tabaco, completamente queimado? Claroque volta a brotas mas, numa cultura comercial de milhares de ha, a madeiraassim perdida tem um efeito devastador para os respectivos proprietários. Porque não cultivar portanto esta árvore na faixa ecologicamente definidapor aquele excelente florestal? É que fora desta faixa, assim definida, sóse conseguem 10 esteres/ha/ano, o que não é economicamente viável. Havendooutras espécies que aí medram bem: suberícola, coníferas e vitícolas. O Ministro da Agricultura deve prontamente fazer 2 actos distintos mascomplementares: legislar já para que em Portugal se cltive única eexclusivamente a Eucalyptus globulus na faixa ecologicamente acima definidae conceder ao distinto florestal Ernesto Goes a comenda da Ordem de MéritoAgrícola, Comercial e Industrial."

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