sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Quercus contra novos parques eólicos nas serras Marão e Alvão

A associação ambientalista Quercus está contra a construção de novos parques eólicos nas serras do Marão e Alvão, distrito de Vila Real, denunciando a proliferação de aerogeradores e novos acessos que poderão afectar a preservação do Lobo Ibérico neste território.O Parque Eólico das Vilas Altas prevê a construção de 56 aerogeradores, de 73 quilómetros de linhas eléctricas e de 4,2 quilómetros de novos caminhos que atravessarão Rede Natura 2000 e entrarão parcialmente no Parque Natural do Alvão.Dividido por quatro sub-parques, este empreendimento estende-se aos concelhos de Vila Real, Mondim de Basto e Vila Pouca de Aguiar.No âmbito do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) deste parque eólico das Vilas Altas, a Quercus participou na fase de consulta pública com um documento em que denuncia o “impacto brutal” que as estruturas terão “sobre a presença de mamíferos selvagens nesta zona, nomeadamente do lobo ibérico e das suas presas”. “É óbvia e reconhecida no EIA a desfiguração, destruição, deterioração e perturbação do habitat do lobo pelo que este empreendimento, a ser autorizado, afigura-se como uma clara violação das leis Comunitárias e da República Portuguesa, atrás referidas, e portanto ferido de ilegalidade”, refere o documento enviado hoje à comunicação social.Os ambientalistas denunciam ainda o “risco de morte por colisão”, já que, consideram que o “clima local, com presença de grande nebulosidade e nevoeiro nas cumeadas, provocando a falta de visibilidade dos aerogeradores e das linhas eléctricas será um factor acrescido na mortalidade das aves”.Por causa dos efeitos cumulativos com outros parques e acessos existentes no território, a Quercus fala “numa redução e perturbação dos territórios da caça das aves de presa”.De acordo com a associação, encontram-se referenciadas para esta área 146 espécies de aves. As serras do Alvão e do Marão “são importantes” para a conservação da Águia-real, por albergar um casal isolado que se tem mantido estável, com reprodução regular, e, nesta área, existe ainda um núcleo residente de Gralha-de-bico-vermelho que durante o Inverno vê aumentado o seu efectivo por aves que surgem nesta área para se alimentarem.Os EIA’s dos quatro sub-parques referem que a maioria dos impactes negativos se fazem sentir durante a fase de construção e que se forem aplicadas correctamente as medidas mitigadoras indicadas, os impactes identificados serão em grande parte reduzidos.Como principal impacte negativo é referido a perturbação que se faz sentir sobre a fauna, fundamentalmente avifauna e morcegos, existentes na zona, pela presença e funcionamento dos aerogeradores, sendo que, de um modo geral o impacte é mais elevado sobre as aves migradoras.Relativamente aos acidentes de colisão com os aerogeradores, o EIA refere que estes, “segundo os vários estudos que se têm feito sobre parques eólicos relativamente às aves e morcegos, são em número muito reduzido, apesar de ocorrerem com maior incidência no grupo dos morcegos”.Diário Digital / Lusa

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