quarta-feira, 18 de março de 2009

Ecossistemas "valem" 33 triliões de dólares/ano


Ontem

O Condomínio da Terra, um projecto global de preservação do planeta, assenta na gestão comum dos serviços prestados pelos ecossistemas existentes na biosfera, cujo valor económico foi estimado em 33 triliões de dólares por ano.

Este valor, quase o mesmo que o produto interno bruto mundial, resultou de um trabalho desenvolvido por 12 economistas e ecologistas, que dividiram a superfície do planeta em 16 biomas (de florestas tropicais a recifes de corais) e definiram 17 categorias de serviços.

Estas contas pretenderam atribuir um valor económico aos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas, que são essenciais para a vida no planeta.

A concepção do Condomínio da Terra prevê que a manutenção dos ecossistemas seja entendida como uma actividade económica, acabando com a perspectiva actual de só atribuir valor à natureza depois de a destruir ou transformar.

"As árvores têm que valer mais vivas do que em madeira e, neste momento, uma árvore só tem rentabilidade económica quando é transformada em madeira", frisou o ambientalista Paulo Magalhães, referindo-se à importância das florestas.

Para inverter este quadro, tornou-se necessário atribuir um valor aos serviços prestados pelos ecossistemas, para permitir contabilizar o que cada um tem a pagar ou a receber pelo seu uso ou pela sua conservação e manutenção.

"O nosso sistema de valoração é a economia, que tem que dar valor ao que nós mais precisamos e, neste momento, precisamos mais dos serviços prestados pelas florestas do que de telemóveis de quarta ou quinta geração", salientou o principal impulsionador do Condomínio da Terra.

Nas contas da equipa liderada por Robert Costanza, o serviço ecológico mais 'valioso' prestado pela biosfera é a reciclagem de minerais, em especial carbono, nitrogénio e fósforo, que foi avaliada em 17 triliões de dólares anuais

O tratamento de resíduos e filtragem de produtos tóxicos (2,28 triliões), o controlo de distúrbios climáticos (1,78), o armazenamento de água em bacias hidrográficas, reservatórios e aquíferos (1,69) e a produção de alimentos (1,39) são outros serviços cujo valor foi estimado.

Nesta lista incluem-se ainda serviços ambientais como a regulação dos níveis de gases atmosféricos poluentes (1,34), as fontes de matérias-primas (0,72), o controlo biológico de pragas e doenças (0,42) ou a protecção de habitats utilizados na reprodução e migração das espécies (0,12).

O estudo permitiu concluir, sem sombra para dúvidas, que os ecossistemas do planeta prestam serviços cujo valor económico é muito superior aos lucros gerados pela exploração tradicional dos seus recursos.

O desafio colocado pelo Condomínio da Terra é a criação de um modelo que promova a produção e manutenção dos bens vitais do planeta e, ao mesmo tempo, faça repercutir os custos de produção dos bens não essenciais que contribuem para a destruição das condições sustentáveis da biosfera.

Com este sistema, esperam os promotores do projecto que os países procurem danificar o menos possível as partes comuns do planeta e cuidem delas da melhor forma.

"Num planeta limitado, é insustentável ter uma economia basea

da numa produção ilimitada", defendeu Paulo Magalhães.

Nesse sentido, salientou a necessidade de "criar, ao lado da economia de produção, uma economia de manutenção das partes comuns".

"Tem que haver pessoas, empresas, países, cujo trabalho é cuidar das florestas, limpar as águas, garantir o funcionamento dos ecossistemas", frisou. JN


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