sexta-feira, 20 de março de 2009

Município de Coruche pede apoios urgentes para evitar o colapso do sector corticeiro

20.03.2009, Jorge Talixa

Concelho é o mais extenso do Ribatejo, com mais de 1100 quilómetros quadrados de área, e simultaneamente
o maior produtor mundial de cortiça

A Câmara Municipal de Coruche pede ao Governo que tome medidas urgentes para evitar o colapso do sector da cortiça, frisando que, se não forem auxiliadas pelo menos as pequenas e médias empresas, milhares de trabalhadores poderão ficar no desemprego. O presidente da edilidade sublinha que outros sectores da economia nacional sem o peso da cortiça foram ajudados nos últimos meses e que, por isso, será de toda a justiça que o Governo "dê a mão" às empresas, antes que fechem as portas.
Dionísio Mendes, eleito do PS, sustenta que a crise que afecta a indústria corticeira "atinge a montante os produtores, que não conseguem escoar a produção. Corre-se o risco de muitos nem sequer executarem a tiragem no próximo Verão, ou então que a cortiça continue por vender no mato, como já aconteceu em 2008", avisa o presidente, afirmando que, se não forem tomadas medidas rapidamente, "a fileira da cortiça entra em colapso".
O concelho de Coruche - o mais extenso do Ribatejo, com cerca de 1120 quilómetros quadrados - é o maior produtor mundial de cortiça e possui também algumas das maiores unidades industriais do sector, com capacidade para produzir mais de 10 milhões de rolhas por dia. A concorrência cada vez mais apertada de outros materiais e a crise económica generalizada têm afectado gravemente o sector, com parte dos produtores a sentirem enormes dificuldades para vender a cortiça em 2008 e os preços a registarem fortes quebras.

Cortiça por vender
A Câmara Municipal de Coruche, que, no final de Maio, vai lançar a 1.ª Feira Internacional da Cortiça (Ficor) e está a construir o Observatório do Sobreiro e da Cortiça, mostra-se muito preocupada com a situação, referindo que muitos produtores "continuam com cortiça empilhada no campo por vender, os trabalhadores rurais que executam a tirada da cortiça vêem o seu rendimento comprometido, os empresários têm dificuldades em vender e os contratos de trabalho não são renovados". Apesar de tudo, o município tem dos melhores registos regionais de evolução do número de desempregados inscritos no Instituto do Emprego e da Formação Profissional - contava com 1102 inscrições no final de Janeiro, mas as 139 novas inscrições de desempregados verificadas no primeiro mês do ano foram compensadas por 136 novas colocações.
"É imperativo publicitar a cortiça, através de uma boa campanha mundial, e vulgarizar a cortiça em diferentes utilizações, que podem ir da moda ao mobiliário", sustenta Dionísio Mendes, considerando que Portugal tem que definir uma estratégia multidisciplinar e concertada, "tendo sempre presente que a rolha é a principal mais-valia e todas as outras utilizações vêm por arrasto. O marketing e promoção devem ter isto em consideração e atacar em força os principais mercados internacionais vitivínicolas".

PÚBLICO.PT

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