Europa gasta dez mil milhões contra espécies invasoras
21.04.2009 - 09h21 Helena Geraldes
O jacinto-de-água e o lagostim-do-Luisiana estão entre as onze mil espécies de plantas e animais que chegaram à Europa sem serem convidadas e estão a fazer perigar o frágil baralho de cartas ecológico do Velho Continente. Para travar o avanço dos invasores, a Europa gasta dez mil milhões de euros por ano. Só para ter uma ideia do que representa este valor, basta dizer que custará 12 mil milhões a reconstruir Abbruzzo, região italiana devastada pelo sismo no início de Abril.
Pela primeira vez, cientistas colocaram etiquetas com o preço a pagar pela Europa pelas plantas e animais invasores mais perigosos. A equipa, coordenada por Montserrat Vilà, da Estação Biológica de Doñana, em Sevilha, listou as dez espécies mais perigosas e cujo combate é mais caro, com base no projecto DAISIE (Delivering Alien Invasive Species Inventories for Europe), de 2005.
São os vertebrados terrestres os que provocam estragos em mais frentes, com "uma cascata de impactos", como diz Vilà no estudo publicado esta semana na revista Frontiers in Ecology and the Environment.
Mas quem causa maiores prejuízos económicos são os invertebrados terrestres, como insectos e aranhas. Vilà lembra os danos causados em plantações agrícolas e em florestas, por exemplo. "A presença e, muitas vezes, o domínio das espécies invasoras pode ter muitos impactos ecológicos que se traduzem em alterações nos serviços dos ecossistemas", explica Vilà. "Essas alterações podem ser irreversíveis e muitas são tão importantes como as alterações climáticas ou a poluição", acrescenta.
Combater este problema implica gastar milhões de euros, investidos em acções de monitorização, controlo e erradicação das espécies e em programas de educação ambiental. Entre os invasores mais dispendiosos estão o jacinto-de-água, o roedor ratão-do-banhado e uma alga marinha.
A maior dificuldade nesta batalha é, segundo Vilà, o facto de que muitos dos impactos ainda não serem conhecidos. De facto, os ecologistas e economistas só conhecem o impacto de dez por cento das espécies invasoras da Europa.
Vilà sugere a criação de organismos institucionais em várias áreas - agricultura, ambiente, saúde e transportes - para "prevenir e gerir os impactos das invasões biológicas", permitindo uma resposta transversal.
No início do mês de Abril, Vilà e um grupo de cientistas europeus publicaram um artigo de opinião na revista Science através do qual pediram à União Europeia que crie um centro de gestão contra estas espécies.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1375587&idCanal=210021.04.2009 - 09h21 Helena Geraldes
O jacinto-de-água e o lagostim-do-Luisiana estão entre as onze mil espécies de plantas e animais que chegaram à Europa sem serem convidadas e estão a fazer perigar o frágil baralho de cartas ecológico do Velho Continente. Para travar o avanço dos invasores, a Europa gasta dez mil milhões de euros por ano. Só para ter uma ideia do que representa este valor, basta dizer que custará 12 mil milhões a reconstruir Abbruzzo, região italiana devastada pelo sismo no início de Abril.
Pela primeira vez, cientistas colocaram etiquetas com o preço a pagar pela Europa pelas plantas e animais invasores mais perigosos. A equipa, coordenada por Montserrat Vilà, da Estação Biológica de Doñana, em Sevilha, listou as dez espécies mais perigosas e cujo combate é mais caro, com base no projecto DAISIE (Delivering Alien Invasive Species Inventories for Europe), de 2005.
São os vertebrados terrestres os que provocam estragos em mais frentes, com "uma cascata de impactos", como diz Vilà no estudo publicado esta semana na revista Frontiers in Ecology and the Environment.
Mas quem causa maiores prejuízos económicos são os invertebrados terrestres, como insectos e aranhas. Vilà lembra os danos causados em plantações agrícolas e em florestas, por exemplo. "A presença e, muitas vezes, o domínio das espécies invasoras pode ter muitos impactos ecológicos que se traduzem em alterações nos serviços dos ecossistemas", explica Vilà. "Essas alterações podem ser irreversíveis e muitas são tão importantes como as alterações climáticas ou a poluição", acrescenta.
Combater este problema implica gastar milhões de euros, investidos em acções de monitorização, controlo e erradicação das espécies e em programas de educação ambiental. Entre os invasores mais dispendiosos estão o jacinto-de-água, o roedor ratão-do-banhado e uma alga marinha.
A maior dificuldade nesta batalha é, segundo Vilà, o facto de que muitos dos impactos ainda não serem conhecidos. De facto, os ecologistas e economistas só conhecem o impacto de dez por cento das espécies invasoras da Europa.
Vilà sugere a criação de organismos institucionais em várias áreas - agricultura, ambiente, saúde e transportes - para "prevenir e gerir os impactos das invasões biológicas", permitindo uma resposta transversal.
No início do mês de Abril, Vilà e um grupo de cientistas europeus publicaram um artigo de opinião na revista Science através do qual pediram à União Europeia que crie um centro de gestão contra estas espécies.
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