terça-feira, 4 de agosto de 2009

Nemátodo da Madeira do Pinheiro dizima Perímetro Florestal do Buçaco


Autoridade Florestal Nacional sem actuação

Após ter sido detectado o Nemátodo da Madeira do Pinheiro – NMP no passado ano no centro do país, nos concelhos de Arganil e Lousã, esta doença que provoca a murchidão/morte dos pinheiros afectados continua a expandir-se.

Perímetro Florestal do Buçaco sem gestão da Autoridade Florestal Nacional

Um dos sítios mais críticos do ataque do Nemátodo da Madeira do Pinheiro ocorre no Perímetro Florestal do Buçaco (com uma área de cerca de 974 ha), próximo da localidade de Espinheira no concelho de Penacova, onde há locais com mais de 50% de árvores com murchidão/mortas sem que as mesmas tenham sido abatidas por motivos fitossanitários.

Existem pinheiros a secarem, desde o ano passado, sem que sejam removidos, isto num perímetro sob gestão da Autoridade Florestal Nacional, promovendo a propagação da doença de forma dolosa, situação que é demasiado grave, exigindo-se o apuramento de responsabilidades pela situação e dos motivos que levaram a esta situação.

O último ponto da situação sobre o NMP disponibilizado publicamente pelo MADRP, data de (03/02/2009) e apesar de referir uma candidatura da AFN ao PRODER - Subacção 2.3.3.3 - Protecção Contra Agentes Bióticos Nocivos, para diversos perímetros florestais no país, a realidade é que o Perímetro Florestal do Buçaco foi e continua esquecido, o que está a favorecer a propagação do Nemátodo pela zona centro do país.

Nemátodo da Madeira do Pinheiro – Propagação

A propagação do NMP ocorre por acção de um insecto vector que em Portugal é o longicórnio do pinheiro (Monochamus galloprovincialis), estando a dispersão da doença limitada pela capacidade de voo dos insectos (entre Abril e Outubro).

No interior de uma árvore, as larvas de NMP transformam-se em adultos, provocando a obstrução dos canais de resina e a morte da árvore. As árvores infectadas desta maneira geralmente entram rapidamente em declínio e morrem, ficando com as agulhas inicialmente amareladas e depois castanhas permanecendo durante algum tempo sem caírem.

O abate das árvores secas pode ser efectuado, recorrendo a destroçadores de biomassa para triturar os sobrantes da exploração florestal, ou a queima controlada conforme previsto na regulamentação do Sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios para os abates fitossanitários.

A murchidão dos pinheiros pode dar oportunidade a outras espécies da floresta autóctone, no entanto, existe uma pressão para a área de pinhal ser ocupada por espécies de rápido crescimento como os eucaliptos, situação preocupante que deve ser controlada pela Autoridade Florestal Nacional.

Resumo /Historial

A presença em Portugal do NMP – Nemátodo da Madeira do Pinheiro foi detectada pela primeira vez em exemplares de Pinheiro Bravo na Península de Setúbal, em Maio de 1999, pelo que se crê que tenha sido importado por via marítima e a sua porta de entrada no país tenha sido o porto de Setúbal, para abastecimento da indústria florestal.

Em Novembro de 1999 foi iniciado o Programa Nacional de Luta Contra o Nemátodo da Madeira do Pinheiro (PROLUNP), para disponibilizar os meios necessários ao controlo do NMP, com vista à sua erradicação na zona Afectada e prevenir a sua dispersão para o restante território Nacional e para outros Estados Membros da União Europeia.

No âmbito do PROLUNP, a Comissão Europeia aprovou a Decisão da Comissão 2006/923/EC, que consistia numa contribuição financeira da União Europeia para o programa de medidas apresentadas por Portugal, com o objectivo de em 2006 e 2007 controlar a dispersão de NMP a outros Estados Membros. Estas medidas consistiam na implementação de uma faixa livre de árvores hospedeiras do vector do NMP – uma faixa de corte raso com 3 km de largura, no total com 130 000 hectares. Este programa, que inicialmente estava orçamentado em 11 000 000 €, excedeu os 34 700 000 € devido ao mau planeamento da DGRF.

No entanto, em Abril de 2008, o NMP também foi detectado na região Centro do país, nos Concelhos de Arganil e Lousã, situados no Distrito de Coimbra, tendo a situação se agravado de tal maneira que, após algumas análises, em 27 de Junho de 2008 todo o território continental de Portugal foi declarado pelo Governo como área afectada e de restrição.

Actualmente continuamos sem saber com exactidão a extensão de área realmente afectada pelo Nemátodo da Madeira do Pinheiro, sendo necessária mais informação disponibilizada publicamente.

A Direcção Nacional da Quercus

Lisboa, 4 de Agosto de 2009

A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

Para mais informações contactar: Domingos Patacho 937 515 218

Nenhum comentário:

Postar um comentário