Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente
Os 3 inimigos da Floresta:
Incêndios, Nemátodo e o ministro Jaime Silva
Já diz o ditado popular que à terceira é de vez. Infelizmente para a floresta portuguesa e para todos os florestais, já se encontraram os três grandes inimigos do sector!
É inevitável a associação entre espaço florestal e incêndios, sendo que, ano após ano, se constata a ineficiência da manutenção da floresta e a falta de recursos para prevenção e combate aos incêndios florestais.
Mas temos sempre um ministro optimista, que mesmo após a tragédia ocorrida na passada semana, no Sabugal, diz publicamente que os produtores têm uma óptima oportunidade no ProDeR para a recuperação do espaço florestal e agrícola perdido. Seria talvez verdade… se o ProDeR efectivamente funcionasse!
O Nemátodo da Madeira do Pinheiro, que é uma ameaça concreta à floresta de pinho em Portugal e que, mesmo com medidas de excepção, tende a alastrar-se por todo o país, atingindo já zonas emblemáticas como a Mata do Buçaco e o Pinhal de Leiria, tem sido banalizado, colocando em risco centenas de empresas e trabalhadores.
Estes condicionalismos não limitam apenas as empresas de exploração florestal, mas começam a afectar, igualmente, viveiristas que encontravam na exportação a salvação para milhares de plantas que não eram utilizadas na florestação em Portugal e que, de acordo com as exigências comunitárias agora impostas para combate e controlo do Nemátodo, estão impedidos de o fazer.
Mas temos um ministro sempre optimista, que afirma estarmos a dramatizar a situação e que o Nemátodo não é o principal problema da Floresta.
Pois, de facto, não é… Infelizmente para a floresta portuguesa, o seu principal problema é o ministro Jaime Silva que, no seu optimismo, não deve ter certamente a noção de quanto está a comprometer a sustentabilidade da Floresta portuguesa, das empresas, particularmente das Micro e PMEs, que dela fazem o seu sustento de vida.
“Estamos a assistir, de pés e mãos atadas, à destruição de um sector, cuja representatividade económica é, em muito, superior à AutoEuropa ou, mesmo, a várias dezenas de “Quimondas”. Não compreendemos porque é que o Ministro insiste em ignorar um sector que abrange mais de 400 mil proprietários, 250 mil trabalhadores, 1000 milhões de euros de volume de negócios e mais de 12% da população activa, cujos rendimentos provêem directamente da actividade florestal”, adianta a Direcção da ANEFA.
Talvez seja difícil para aquele membro do Governo compreender, mas aquelas pessoas vivem para e da Floresta, pelo que não é só a sua actividade que está em risco mas, igualmente, a sua subsistência.
Não obstante, assistimos à destruição anual de centenas de milhares de plantas florestais certificadas, por não haver articulação entre a sua produção e a elaboração de projectos. A não operância do ProDeR não tem, assim, apenas implicações ao nível do beneficiário, que não vê atribuídos os subsídios a que tem direito para aplicação no desenvolvimento florestal. É uma questão muito mais profunda, que coloca em causa todos os agentes do sector.
Muito se tem falado nos financiamentos comunitários que se poderão perder, caso o TGV não avance, mas a verdade é que a floresta tem perdido, ao longo destes últimos anos, muito mais, e de forma irreversível, quer ao nível dos fundos comunitários, quer em taxas pagas para a certificação de plantas que não chegam a ser plantadas, ou mesmo, na sua produção e principalmente, a nível de sustentabilidade.
E a Direcção da ANEFA sublinha: “É chocante ver enterrar milhares e milhares de plantas, só porque não existem projectos florestais contratados, e ainda, tendo a noção de que a sustentabilidade da Floresta está a ser posta à prova. A única floresta que o ministro Jaime Silva ajudou a criar foi esta: mais de 2 milhões de plantas destruídas”.
Não se pode deixar de perguntar a Jaime Silva, Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, se tem consciência de quantos agricultores e silvicultores já colocou em gravíssima situação financeira e o quanto contribuiu para a ruína de empresas prestadoras de serviços, com o monstro inoperante que criou com este ProDeR.
Lisboa, 21 de Setembro de 2009
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