terça-feira, 22 de março de 2011

Ministro da Agricultura diz que há dinheiro para investir na floresta



Nicolau Ferreira

O dinheiro não é o que está a impedir a gestão das florestas portuguesas, disse hoje o ministro da Agricultura António Serrano, acrescentando que é preciso fazer mais para o território florestal deixar de estar abandonado e que a protecção da floresta é uma responsabilidade de todos.
“Tem de haver recursos para investir e isso sempre houve e existe no presente, mas precisamos de muito mais, porque temos uma estrutura do território abandonada – mais de 20 por cento do território está abandonado – e um envelhecimento da população, dos proprietários e de quem trabalha na terra muito grande”, disse hoje António Serrano citado pela Lusa.

O ministro falou durante a cerimónia oficial das comemorações do Dia Mundial da Floresta, no Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa, e explicou que no último quadro comunitário foram recebidos cerca de 600 milhões de euros e, no actual, estão em causa 400 milhões até 2015.

Segundo o presidente executivo da associação Caules, que gere Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) no centro do país, este dinheiro está a “chegar atrasado” aos proprietários. O engenheiro José Vasco Lencastre de Campos disse ao PÚBLICO que “tem visto nos últimos meses uma grande vontade [pela parte do executivo] em alterar esta situação”

O Norte e o Centro de Portugal vivem um problema particular que dificulta a protecção da floresta: existem inúmeras pequenas propriedades não estão a ser geridas. Esta ausência de manutenção dificulta o combate aos incêndios, pragas e é mais um lado do despovoamento rural e de florestas sem pessoas.

Segundo António Serrano, que também tutela o Desenvolvimento Rural e as Pescas, a criação das ZIF, áreas contínuas e delimitadas submetidas a um plano de gestão específico e geridas por uma única entidade, é um mecanismo aglutinador de pessoas à volta da gestão da floresta.

“Já temos cerca de 150 ZIF constituídas, são perto de 800 mil hectares [24,24 por cento da floresta portuguesa]. Acho que no próximo ano podemos ter mais de um milhões de hectares geridos desta forma, que implica juntar proprietários de menor dimensão, mais idosos e dar responsabilidade de gestão a cada identidade”, disse.

Segundo José Vasco Lencastre de Campos, as ZIF ainda estão num estado embrionário. “O problema da floresta portuguesa no Norte e Centro tem que ver com a dispersão de milhares de proprietários. O que a ZIF tenta fazer é aglutinar estes proprietários em torno de uma entidade gestora para estas áreas”, disse o director de Caule. Segundo o proprietário, antes de se formarem mais Zonas de Intervenção Florestal é necessário a médio prazo (no espaço de cinco anos) apoiar as que estão formadas para funcionarem em pleno e avaliar o seu papel.

O engenheiro aponta a falta de cadastros como um dos principais problemas a resolver. Não se conhecem os proprietários de muitos terrenos e isso dificulta a gestão das áreas. Outro problema é a responsabilização individual. “Tem que se responsabilizar as pessoas que são proprietárias e não fazem a gestão”, explica o director, concedendo que existe muita gente que não tem “vocação para a floresta”, mas têm que apresentar uma alternativa, “vendendo, arrendando ou passando a gestão” das propriedades de terra.

Nas suas declarações, o ministro da Agricultura disse também que todas as medidas que o executivo usasse para combater o impacto da falta de população nas zonas rurais não seriam suficientes se os portugueses não tiverem consciência de que a protecção florestal é uma “responsabilidade de todos”.

In Ecosfera

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