A Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) acaba de divulgar o ponto de situação da praga da vespa das galhas do castanheiro. E prepara uma luta biológica, a realizar na próxima Primavera.
Em 2016, a praga continuou a expandir-se com muita rapidez e intensidade, sobretudo na região de Entre Douro e Minho. Quanto à Região do Douro, já existem soutos com árvores de grande dimensão muito infestados, onde foi iniciada a luta biológica recorrendo ao seu inimigo natural Torymus sinensis.
Neste momento, o objectivo da prospecção é acompanhar a dispersão da praga (Dryocosmus kuriphilus Yasumatsu) com vista à preparação da luta biológica, diz aquela Direcção.
Entretanto, a DRAPN pede a todos os agricultores que plantaram castanheiros com proveniência de Espanha ou outro Estado-membro, que observem cuidadosamente as suas plantas e caso observem sintomas devem comunicar de imediato através dos contactos: 229 574 010 / 229 574 036 – dasa.shora@drapn.mamaot.pt ou 259 300 600 – fitossanidade@drapn.mamaot. pt.
Diz uma nota da DRAPN que em 2016 a praga “continua a expandir-se com muita rapidez e intensidade, sobretudo na região de Entre Douro e Minho onde está dispersa em quase todo o território”.
Na Região do Alto de Trás-os-Montes – Chaves, Montalegre, Valpaços, e Nordeste Transmontano – Bragança, Macedo de Cavaleiros, Vinhais, têm aparecido focos em plantações realizadas neste Inverno, ou seja, em plantas que vieram do viveiro já infestadas, que foram imediatamente destruídas. Estas medidas têm sido eficazes o que tem impedido a instalação da vespa nestas zonas, e os focos consideram-se controlados, pois nestes locais já não se encontra a presença da praga, pelo que também não estão assinalados nos números totais.
Douro muito afectado
Aquela Direcção salienta que quanto à Região do Douro, já existem soutos com árvores de grande dimensão muito infestados, onde foi iniciada a luta biológica recorrendo ao seu inimigo natural Torymus sinensis, como Lamego, Peso da Régua e Santa Marta de Penaguião. Em Sabrosa apareceu um foco que foi de imediato destruído.
Nesta Primavera, na Região de Entre Douro e Minho e no Douro, foram verificados ataques de grande severidade, ou seja, em muitos casos os castanheiros não chegaram a brotar, tendo sido observadas, na fase de rebentação, apenas as galhas vermelhas penduradas nas árvores.
Redução do crescimento dos ramos e frutificação
A vespa das galhas do castanheiro (Dryocosmus Kuriphilus Yasumatsu) é um insecto que ataca órgãos verdes de árvores do género Castanea (exceto frutos), induzindo a formação de galhas nos gomos e folhas e provocando a redução do crescimento dos ramos e a frutificação, podendo diminuir drasticamente a produção e a qualidade da castanha e conduzir ao declínio dos castanheiros, explica a Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Madeira.
Esta nova praga é originária da China, tendo iniciado a sua dispersão mundial primeiro na Ásia (Japão, Coreia e Nepal) e, posteriormente, na América do Norte (Estados Unidos da América) e na Europa, com a primeira detecção referenciada em Itália em 2002 e posteriormente em França, Eslovénia, República Checa, Hungria, Croácia, Alemanha, Espanha (Catalunha, Andaluzia e Castela-Leão) e, mais recentemente, em Portugal (em 2014, nos concelhos de Barcelos, Ponte de Lima, Vila Verde e Baião e, na Madeira, no Curral das Freiras).
O inseto D. Kuriphilus é atualmente considerado uma das pragas mais prejudiciais para os castanheiros em todo o mundo e que na Europa, particularmente na região mediterrânica, pode constituir uma séria ameaça à sustentabilidade dos soutos (produção de castanha) e castinçais (produção de madeira).
Actualmente, a praga encontra-se disseminada em todas as zonas de produção de castanha na Ilha da Madeira.
Esta praga tem um ciclo anual e é na Primavera que são visíveis os sintomas na árvore, ou seja, a formação das galhas (crescimento exagerado, em forma de nódulo dos tecidos) que têm as larvas lá dentro. Inicialmente, as galhas são de cor verde-clara, passando a cor rosada.
Entre meados de maio e final de Julho saem as vespas, vão pôr mais ovos, que passam o Inverno na árvore, desenvolvendo-se na Primavera seguinte. Desta forma prejudica a formação de novos ramos e consequentemente a formação dos frutos. Em plantas jovens, pode mesmo conduzir à morte.
Na luta cultural recomenda-se o corte e destruição das partes da planta atacadas, antes da emergência dos adultos (Maio a Julho). A procura de variedades e de híbridos de castanheiro tolerantes a este insecto tem sido uma opção desenvolvida na Ásia, América e Europa. A título de exemplo, algumas variedades, nomeadamente a Muraie e Pugnenga de C. sativa, a variedade híbrida Bouche de Bétizac, parecem ser tolerantes.
Na luta biológica, a identificação na China do parasitoide específico Torymus sinensis levou ao estabelecimento de programas de luta biológica para a sua libertação em zonas infestadas, que se têm vindo a estender a todas as regiões onde a praga se instalou, designadamente na Europa.
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