12-01-2011
Produção do mirtilo, feita em grande medida no Centro do
País (Aveiro e Viseu), deverá quadriplicar nos próximos três a quatro
anos.
Atraídos pelas boas perspectivas de rendimentos e incentivos
disponíveis, quatro dezenas de jovens agricultores começaram a preparar
culturas em Sever do Vouga, Viseu, S. Pedro do Sul, Vouzela Estarreja,
Vale de Cambra e Águeda, entre outras localidades. O Programa de
Desenvolvimento Rural (PRODER) garante logo à partida um prémio de
instalação de 40 mil euros, a fundo perdido, mais ajudas em 50% para
encargos com compra de plantas, preparação de terrenos (mínimo um
hectare), sistemas de regas, máquinas ou mesmo abertura de poços.
“Já apoiámos também produtores de groselha e plantas medicinais”,
adiantou Sofia Freitas, da Associação para a Gestão, Inovação e
Modernização de Sever do Vouga (AGIM).
A produção actual de mirtilos, na casa das 120 toneladas, deverá
disparar, em 2014 para 400 ou 500 toneladas, sem receio de problemas de
escoamento, atendendo à forte procura estrangeira (80%), mas também um
“incremento muito significativo” do consumo nacional, até há poucos anos
residual, diminuindo, assim, os custos logísticos.
A baga de cor azul-ceroso, aromática medicinal, é conhecida pela sua
riqueza em diversas vitaminas e tida como o fruto que contém mais
antioxidantes, prevenindo, assim, sinais de envelhecimento.
O número de produtores que no final dos anos 90 não chegava a meia
centena, agrupados na Mirtilusa - Sociedade de Produtores
Hortofrutícolas, pioneira na comercialização, atinge actualmente cerca
de 120, na maioria de Sever do Vouga.
Alternativa viável
A vila assume-se, de resto, como capital do mirtilo, que a feira
anual dedicada ao fruto tornou ainda mais visível. O sucesso dos
produtores, com investimentos globais que rondam 2,5 milhões de euros,
serviu como exemplo a seguir em outras localidades.
A produção do mirtilo, mas também de groselha e outras plantas
aromáticas, está a fomentar o aparecimento de um ´cluster´ em torno de
pequenos frutos da Região Centro, sob a forma de “rede cooperante” para
desenvolver o sector.
Afigura-se já como uma forte alternativa à agro-pecuária
tradicional, onde a descida de preços, sobretudo do leite e da carne,
põe em causa a viabilidade de muitas explorações.
Uma candidatura programa Mais Centro no valor global de 300 mil
euros pretende reforçar acções para facilitar o acesso aos mercados e
melhoria dos factores competitividade, de forma a assegurar o
crescimento sustentado da economia local.
“Temos necessariamente de dar continuidade ao aumento dos
agricultores com melhoria das suas condições no médio e longo prazo”,
justificou Sofia Freitas, gestora da AGIM.
Um dos maiores desafios passa por formar mão-de-obra qualificada,
seja para apanha do furto, preparação dos campos ou poda dos arbustos.
Em Portugal é na zona do médio Vouga, no vale do Rio Vouga que se
encontra o local ideal para a produção deste fruto, pelas condições
geográficas e de micro-clima.
As primeiras plantações surgiram na década de 90 quando a Fundação
Lockorn, da Holanda, efectuou uma experiência nos concelhos de Sever do
Vouga e Trancoso para conhecer as capacidades de produção precoce do
mirtilo.
Desde então, a produção deste fruto no concelho tem vindo a crescer
em média 15% ao ano ocupando 35 hectares. Existe igualmente produção dos
mirtilos no Alentejo (14 hectares há dois anos).
O mercado europeu (França, Holanda e Bélgica) absorve grande parte
do fruto nos meses de Maio/Junho de cada ano, antes dos demais
concorrentes internacionais. in Gazeta Rural
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