quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Aumento da produção de mirtilo impulsiona cluster dos pequenos frutos

12-01-2011


Produção do mirtilo, feita em grande medida no Centro do País (Aveiro e Viseu), deverá quadriplicar nos próximos três a quatro anos.


Atraídos pelas boas perspectivas de rendimentos e incentivos disponíveis, quatro dezenas de jovens agricultores começaram a preparar culturas em Sever do Vouga, Viseu, S. Pedro do Sul, Vouzela Estarreja, Vale de Cambra e Águeda, entre outras localidades. O Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER) garante logo à partida um prémio de instalação de 40 mil euros, a fundo perdido, mais ajudas em 50% para encargos com compra de plantas, preparação de terrenos (mínimo um hectare), sistemas de regas, máquinas ou mesmo abertura de poços.
“Já apoiámos também produtores de groselha e plantas medicinais”, adiantou Sofia Freitas, da Associação para a Gestão, Inovação e Modernização de Sever do Vouga (AGIM).
A produção actual de mirtilos, na casa das 120 toneladas, deverá disparar, em 2014 para 400 ou 500 toneladas, sem receio de problemas de escoamento, atendendo à forte procura estrangeira (80%), mas também um “incremento muito significativo” do consumo nacional, até há poucos anos residual, diminuindo, assim, os custos logísticos.
A baga de cor azul-ceroso, aromática medicinal, é conhecida pela sua riqueza em diversas vitaminas e tida como o fruto que contém mais antioxidantes, prevenindo, assim, sinais de envelhecimento.
O número de produtores que no final dos anos 90 não chegava a meia centena, agrupados na Mirtilusa - Sociedade de Produtores Hortofrutícolas, pioneira na comercialização, atinge actualmente cerca de 120, na maioria de Sever do Vouga.

Alternativa viável

A vila assume-se, de resto, como capital do mirtilo, que a feira anual dedicada ao fruto tornou ainda mais visível. O sucesso dos produtores, com investimentos globais que rondam 2,5 milhões de euros, serviu como exemplo a seguir em outras localidades.
A produção do mirtilo, mas também de groselha e outras plantas aromáticas, está a fomentar o aparecimento de um ´cluster´ em torno de pequenos frutos da Região Centro, sob a forma de “rede cooperante” para desenvolver o sector.
Afigura-se já como uma forte alternativa à agro-pecuária tradicional, onde a descida de preços, sobretudo do leite e da carne, põe em causa a viabilidade de muitas explorações.
Uma candidatura programa Mais Centro no valor global de 300 mil euros pretende reforçar acções para facilitar o acesso aos mercados e melhoria dos factores competitividade, de forma a assegurar o crescimento sustentado da economia local.
“Temos necessariamente de dar continuidade ao aumento dos agricultores com melhoria das suas condições no médio e longo prazo”, justificou Sofia Freitas, gestora da AGIM.
Um dos maiores desafios passa por formar mão-de-obra qualificada, seja para apanha do furto, preparação dos campos ou poda dos arbustos.
Em Portugal é na zona do médio Vouga, no vale do Rio Vouga que se encontra o local ideal para a produção deste fruto, pelas condições geográficas e de micro-clima.
As primeiras plantações surgiram na década de 90 quando a Fundação Lockorn, da Holanda, efectuou uma experiência nos concelhos de Sever do Vouga e Trancoso para conhecer as capacidades de produção precoce do mirtilo.
Desde então, a produção deste fruto no concelho tem vindo a crescer em média 15% ao ano ocupando 35 hectares. Existe igualmente produção dos mirtilos no Alentejo (14 hectares há dois anos).
O mercado europeu (França, Holanda e Bélgica) absorve grande parte do fruto nos meses de Maio/Junho de cada ano, antes dos demais concorrentes internacionais. in Gazeta Rural

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