Pesquisadores ingleses e noruegueses acreditam já dispor de toda a
tecnologia necessária para que os oásis no deserto deixem de ser apenas
miragens.
A Fundação Bellona, financiada pelo governo da Noruega, acaba de
obter autorização do governo da Jordânia para construir o primeiro
protótipo de um oásis high-tech.
Floresta no deserto
Sob o pretensioso nome de Projeto Floresta no Saara, a fundação
começará, em 2012, a construir seu primeiro oásis, em um terreno de
200.000 metros quadrados, em Aqaba, próximo ao Mar Vermelho.
Se o projeto-piloto for bem-sucedido, a ideia é converter áreas
desérticas inteiras em verdadeiras "florestas", fundamentadas na alta
tecnologia e no aproveitamento dos recursos naturais.
Joakim Hauge, coordenador do projeto, afirma que a ideia é tirar
proveito da abundância que o mundo tem de luz do Sol, água do mar,
dióxido de carbono e terras áridas.
"Esses recursos podem ser usados para a produção lucrativa e
sustentável de comida, água e energia renovável, ao mesmo tempo
combatendo o efeito estufa ligando o CO2 a novas vegetações em áreas
áridas," diz ele.
Existem
várias técnicas de fotobiorreatores para o cultivo de algas, incluindo
lagos, tubos e sacos plásticos. [Imagem: Sahara Forest Project/RWE]
Oásis artificial
O oásis artificial será formado por uma usina termossolar - que usa o
calor do Sol para gerar energia, e não o efeito fotovoltaico das
células solares - e de uma estufa "alimentada" por água salgada.
Esta estufa de água salgada, cujo funcionamento já foi atestado em
projetos-piloto em pequena escala, será usada para cultivar vegetais
para alimentação e algas para produzir combustíveis.
Inicialmente, o ar que entra na estufa é resfriado e umidificado pela
água bombeada do Mar Vermelho, criando condições propícias para o
crescimento das plantas.
O ar interior chega então ao segundo evaporador, onde circula entre
canos contendo água salgada quente - aquecida pelo Sol. O ar quente e
úmido resultante será dirigido para uma série de canos verticais
contendo a água do mar que saiu do primeiro evaporador.
Esse encontro causará a condensação de água doce do ar, que escorrerá pelos canos até coletores instalados em sua base.
Esse ambiente quente e úmido permite que os vegetais cresçam com um mínimo de irrigação.
Ciclo da água doce
Começa então o ciclo da água doce no interior do oásis: ela será inicialmente aquecida por uma
usina termossolar, transformando-se em vapor que irá fazer girar uma turbina para gerar eletricidade.
A eletricidade será usada para alimentar as bombas que captam a água
do mar e os ventiladores que farão o ar circular dentro da estufa.
O calor excedente - presente na água doce que sai da turbina - será usado para produzir água potável por meio da
dessalinização.
Novamente resfriada, a água doce finalmente servirá para irrigar as plantas do oásis artificial.
A
estufa também afeta o ambiente externo, havendo a possibilidade de que
se criem condições até mesmo para a re-vegetação da área à sua volta.
[Imagem: Sahara Forest Project]
Ciclo hidrológico artificial
O processo é na realidade uma imitação do ciclo hidrológico natural,
onde a água do mar aquecida pelo Sol se evapora, resfria para formar as
nuvens e volta para o solo, na forma de chuva, neblina ou orvalho.
O consumo de eletricidade é pequeno, uma vez que o trabalho
termodinâmico de resfriamento e destilação é feito pelo Sol e pelo vento
- 1 kW de energia elétrica usado para bombear a água do mar pode
remover até 800 kW de calor por meio da evaporação.
E como a energia só é necessária durante as horas quentes do dia,
todo o processo pode ser alimentado por energia solar, sem a necessidade
de baterias ou outros sistemas de armazenamento. Isto permite que os
oásis artificiais sejam instalados em áreas remotas, sem ligação com
redes de energia.
A estufa também afeta o ambiente externo, havendo a possibilidade de
que se criem condições até mesmo para a re-vegetação da área à sua
volta.
Isto porque o processo evapora mais água do que condensa em água
doce. Essa umidade é "perdida" devido à forte ventilação necessária para
manter as plantas frias e supridas com o CO2 necessário. Ao atingir o
ambiente externo, fora da estufa, o ar úmido pode ser usado para iniciar
plantações no ambiente natural.
A concepção do oásis artificial é um trabalho conjunto das empresas
britânicas Max Fordham Consulting Engineers, Seawater Greenhouse e
Exploration Architecture. Retirado
daqui